sexta-feira, 10 de agosto de 2012

The Newsroom

"Não é o maior país do mundo, professor. Essa é a minha resposta.
Sharon, a NEA é um fracasso. Representa um centavo de nosso salário e age quando bem entende. Custa votos. Custa tempo no ar e espaço no jornal. Sabe por que ninguém gosta dos liberais? Eles perdem. Se os liberais são tão espertos por que sempre perdem? E com essa cara você dirá aos estudantes que os EUA são tão incríveis porque somos os únicos que temos liberdade? O Canadá tem liberdade. O Japão tem liberdade. Reino Unido, França, Itália, Alemanha, Espanha, Austrália. A Bélgica tem liberdade! São 207 estados soberanos e 180 deles têm liberdade. E você, garota da irmandade... Caso entre por acidente numa zona eleitoral, saiba do seguinte. Não há nenhuma evidência de que somos o maior país do mundo. Estamos em 7º lugar em alfabetização, 27º em matemática, 22º em ciência, 49º em expectativa de vida, 178º em mortalidade infantil, 3º em renda familiar média, 4º em força de trabalho e exportações. Lideramos o mundo só em três categorias. Número de presos per capita, adultos que crêem em anjos e gastos com defesa. Gastamos mais do que 26 países juntos sendo que 25 deles são aliados. Agora, nada disso é culpa de um jovem universitário, mas sem dúvida você faz parte da pior geração que já existiu. Então, ao perguntar por que somos o maior país do mundo, não sei do que você está falando."

Um seriado de televisão norte-americano que tem esse texto na cena de abertura merece alguma atenção. The Newsroom, nova série produzida pela HBO que estreou no Brasil nesta semana, explora os bastidores de um telejornal, mostrando as intricadas relações que estão por trás das notícias. O roteiro é de Aaron Sorkin, premiado pela série The West Wing e ganhador do Oscar de melhor roteiro adaptado por A rede social.
A trama gira em torno do temperamental âncora Will McAvoy (Jeff Daniels), em crise em meio a um certo conformismo profissional. Após o "surto" em uma universidade, ou seja, a declaração polêmica que abre o seriado, o jornalista sai de férias forçadas e, ao voltar, tem que lidar com uma nova situação: seu antigo produtor e equipe abandonaram o programa que passará a ser produzido por sua ex-namorada Mackenzie MacHale (Emily Mortimer).
Juntamente com o diretor de jornalismo da emissora Charlie Skinner (Sam Waterston, conhecido pelo papel de Jack MacCoy, de Law and Order), Mackenzie encarna a postura idealista de tentar fazer o bom jornalismo voltar a ser o que deveria ser. "As pessoas gostam de notícia com integridade. Não é todo mundo, mas 5%. E 5% a mais de qualquer coisa é o que faz a diferença nesse país. Então, podemos melhorar.", declara a otimista produtora executiva, após mencionar Dom Quixote.
Mas será que ainda existe espaço para idealismo no jornalismo? Se a realidade ainda nos leva a duvidar, para Mackenzie, é papel da imprensa ao menos iniciar o debate e tentar romper a mediocridade reinante.

"- O que é vencer pra você?
- É reivindicar o Quarto Poder. É reivindicar o jornalismo como uma profissão honrosa. E um telejornal noturno que promova um debate digno de uma grande nação. É civilidade, respeito e devida importância. É a morte da reclamação, das fofocas e do voyerismo. É falar a verdade aos idiotas. Não ter um ponto demográfico cômodo, mas um lugar onde todos possamos nos reunir. Estamos chegando a um ponto crítico e você sabe disso. A discussão será enorme. O governo é um instrumento do bem ou é cada um por si? Existe algo maior que queremos alcançar ou o interesse próprio é o que basta para nós? Você e eu temos a chance de propor esse debate.
- Isso é...
- Quixotesco?"

A série vai ao ar aos domingos, às 21 horas. O primeiro episódio está disponível no site da HBO Brasil.

Nenhum comentário: