segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O meio e as massagens

De tanto ouvir as expressões "aldeia global" e "o meio é a mensagem", de Marshall McLuhan, acabei, num atitude absolutamente estúpida de minha parte, me cansando por antecipação de qualquer coisa que ele pudesse me dizer.
Hoje, lendo finalmente seu livro The medium is the massage, vejo o quanto estava perdendo de ideias realmente revolucionárias, para além das expressões e jargões "ambientalizados" no jornalismo.
Seguem trechos do livro:

O poeta, o artista, o detetive - quem quer que aguce nossa capacidade de perceber tende a ser anti-social; raramente "bem ajustados", não podem seguir as correntes e tendências. Um estranho vínculo existe entre os tipos anti-sociais por sua capacidade de "ver" os meios ambientais como eles realmente são. Essa necessidade de contrapor, de confrontar os meios ambientais com uma certa força anti-social, é manifesta na famosa história "As Novas Roupas do Rei". Os cortesãos "bem-ajustados", por terem interesses a defender, viam o Rei belamente ataviado. O fedelho "anti-social", não condicionado pelo antigo meio ambiental, viu claramente que o Rei estava nu. O novo meio ambiental era claramente visível para ele.

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amador

"Minha educação foi a mais comum possível, consistindo em pouco mais que os rudimentos de leitura, escrita e aritmética de uma escola igual às outras. Minhas horas fora da escola eu passava nas ruas ou em casa."
Michael Faraday, que pouco conhecia de matemática e quase não tinha instrução formal além da escola primária, é famoso como um experimentador que descobriu a eletricidade induzida. Foi um dos fundadores da moderna física. E é geralmente reconhecido que o fato de Faraday ignorar matemática contribuiu para sua inspiração, e o compeliu a desenvolver um conceito simples e não-matemático enquanto procurava explicação para seus fenômenos elétricos e magnéticos. Faraday possuía duas qualidades que compensavam com sobras sua falta de instrução: uma intuição fantástica e independência e originalidade mentais.
O profissionalismo é ambiental. O amadorismo é anti-ambiental. O profissionalismo funde o indivídulo em padrões de total acomodação ambiental. O amadorismo procura o desenvolvimento da consciência total do indivíduo e a consciência crítica das regras básicas da sociedade. O amador pode dar-se ao luxo de perder. O profissional tende a classificar e especializar, a aceitar sem crítica as regras básicas da sociedade. As regras básicas fornecidas pela reação de massa de seus colegas servem como meio ambiente penetrante do quel ele extrai satisfação sem dele ter consciência. O "especialista" é o homem que fica parado.

"Há crianças brincando nas ruas que poderiam resolver alguns dos meus mais complexos problemas de física, porque elas possuem maneiras de percepção sensorial que perdi há muito tempo." (J. Robert Oppenheimer)