terça-feira, 22 de junho de 2010

Muito mais que um desenho

Quem já viu a animação Avatar: a lenda de Aang, compreende o título da postagem.
Inspirado em filosofias orientais, Avatar é uma grande alegoria, em forma de desenho animado, do caminho de transcendência do homem e do universo. E isso não é interpretação exagerada ou forçada.
A série conta as aventuras de Aang, o último Avatar, que tem como missão salvar o mundo. A grande questão - e o maior atrativo do enredo - é que Aang é apenas um menino que, além de ter essa obrigação com a humanidade, se vê às voltas com a necessidade de crescer e se tornar o Avatar.
"O Guru" - 19º episódio do segundo livro (A série é dividida em livros, em que cada capítulo é um episódio) - é bastante emblemático dessa proposta de filosofia por trás (ou por meio) de desenho. Nesse capítulo, Aang vai em busca do Guru que vai lhe ensinar a ter o controle do estado de Avatar. Para isso, ele deve aprender a ter equilíbrio, antes de levar equilíbrio para o mundo (soa familiar?). A lição: libertar os chakras.
"Há sete chakras em nosso corpo. Cada poço de energia tem um propósito e pode ser bloqueado por um tipo específico de bloqueio emocional. Um aviso: abrir os chakras é uma experiência intensa e quando começa o processo, você não pode parar até os sete estarem abertos. Você está pronto?"
A partir daí, junto com as tramas paralelas do capítulo, Aang vai liberando cada um dos seus chakras.
Terra, a sobrevivência, bloqueado pelo medo. Água, o prazer, bloqueado pela culpa. Fogo, a força de vontade, bloqueado pela vergonha, a decepção conosco. Coração, o amor, bloqueado pela dor. Som, a verdade, bloqueado pelas mentiras que contamos a nós mesmos. Luz, discernimento, bloqueado pela ilusão. Pensamento, a energia cósmica, bloqueado pela ligação terrena. Por fim, a libertação. E a surpresa do capítulo.
Para além do caráter quase didático do episódio, destacam-se, enquanto desenho, as criações visuais das representações mentais e emocionais de Aang. Cada chakra tem sua cor e os bloqueios interiores de Aang são extremamente significativos e ligados ao restante da trama.
Ao final do capítulo, fica a vontade de ler o livro inteiro.

Para quem quiser "ler" ou conhecer mais, o site Mundo Avatar tem todos os episódios, além de dados e curiosidades sobre a série. O textos "Avatar: um bodisatva não é um lenda" e "Avatar: o último dominar das delusões", de José Benetti, falam sobre a relação entre o desenho animado e os ensinamentos budistas.
A série de animação também ganhou uma versão cinematográfica pelas mãos de M. Night Shyamalan, o mesmo diretor de Sexto Sentido.
O filme deve estrear no Brasil em agosto.

domingo, 20 de junho de 2010

Star Star

(Glen Hansard)

Star star teach me how to shine shine
Teach me so I know what's going on in your mind
'Cause I don't understand these people
Who say the hill's to steep
Well they talk and talk forever
But they just never climb

Falling down into situations
Bringing out the best in you
You're flat on your back again
And star you're ever word I'm heeding
Can you help me to see
I'm lost in the marsh

Star star teach me how to shine shine
Teach me so I know what's going on in your mind
'Cause I don't understand these people
Who say we're all asleep
They'll toss and turn forever
But no rest will they find...



Versão com a Marketa Irglova: The Swell Season

sábado, 19 de junho de 2010

A redescoberta do twitter

Tinha criado minha conta no twitter por pura obrigação. Tarefa de Jornalismo Online. Deixei lá. Um ano depois, retomei. Cansei. Deixei pra lá. Pouca paciência para dizer o que estou fazendo. Com o perdão dos meus amigos, também não estava interessada em ter conhecimento de quem está indo pra tal balada, falando não sei o quê para não sei quem, ou fazendo sei lá o quê.
Mas, graças ao Igor Petrovich (que ultimamente anda me apresentando coisas muito interessantes...), descobri um jeito gostoso de usar o twitter. Ele me sugeriu seguir o Glen Hansard, músico irlandês que participou do filme "Apenas uma vez" (um dos meus favoritos!).
Entre os tweets do Hansard, encontrei coisas como "The only way to keep something is with an open hand" e "First they ignore you, then they laugh at you, then they fight you, then you win." (Mahatma Gandhi), além de indicações de livros, filmes e músicas. Adorei.
Redescobrindo o twitter, procurei algumas pessoas que admiro e encontrei mais bons motivos para retomar essa rede econômica de relacionamentos. Millôr Fernandes, Alice Ruiz, Rubem Alves... a busca continua...

Algumas delícias de tweets:

"Responda depressa: o que é que faz quem não gosta de fazer nada e morre de tédio por não ter o que fazer?"
(Millôr Fernandes)

"O que você tem feito? Tem feito a cabeça, as ideias. Os sonhos de alguém?"
"A vida voa sem asas, a vida passa de graça."
"Atenção: Essa vida contém cenas explícitas de tédio. Nos intervalos da emoção."
(Alice Ruiz)

"Como são diferentes as mãos ternas das mãos que desejam posse! A ternura não deseja nada."
(Rubem Alves)

Também encontrei a Mafalda, do Quino:

"Hoje meus amigos e eu decidimos brincar de governo. Não fizemos absolutamente nada."
"O grande problema da família humana é que todos querem ser o pai."
"Mamãe disse que estamos no mundo para trabalhar, nos amar e fazer deste mundo um mundo melhor. Não sabia que ela tinha tanto senso de humor!"
"'A bondade é natural no homem'... E a maldade deve ser de alguma dessas fibras artificiais que estão em moda no mundo inteiro."
"Às vezes vocês não se sentem um tanto indefinidos? "
"Como vamos a entender a los adultos, si cuando nosotros llegamos, ellos ya estaban todos empezados!"
"Como siempre: lo urgente no deja tiempo para lo Importante."

domingo, 6 de junho de 2010

Loucos e Santos

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Têm que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade crianças e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde