quarta-feira, 2 de abril de 2008

Música Noturna

O poder da música de nos resgatar e transportar para outras realidades já foi proclamado em prosa e verso de muita e pouca qualidade. Músicos de rua também já renderam belas crônicas. Ontem, no ônibus das onze, fui agraciada com estes dois fenômenos.
O tocador de violão cantava e tocava como se não estivesse ali. As pessoas não viam, nem ouviam, como se ele não estivesse ali. Mas a mim, ele fez o favor de emocionar com a despretensão artística e a surpresa de encontrar alegria em um lugar inusitado.
As músicas não eram lá grande coisa, mas me fizeram sorrir. Pela graça da situação. A primeira foi Borbulhas de Amor (sim, sucesso, tempos atrás, de Fagner... "tenho um coração, dividido entre a esperança e a razão. Tenho um coração, bem melhor que não tivera..."). Sem perceber, estava cantarolando junto (em pensamento, claro) e lembrando emoções antigas... E ria sozinha. Depois veio Alma Gêmea, sucesso de Peninha. Sim, eu também fiz argh acompanhado de careta ao princípio, mas lá estava eu de novo cantarolando e relembrando... A última canção salvou um pouquinho o repertório: Maluco Beleza, de Raul Seixas. A esta altura do campeonato eu já estava em outros lugares, outras épocas, e ouvir "e este caminho que eu mesmo escolhi, é tão fácil seguir por não ter aonde ir..." foi a cereja do bolo.
Voltei para casa em estado de graça.
Abençoada seja a música (mesmo as ruins. Bom, algumas ruins...) e abençoado o seresteiro ignorado do ônibus das onze...

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