terça-feira, 12 de outubro de 2010

A santa apaixonada

Na conversa entre Cíntia Moscovich e Maria Valéria Rezende, surgiu o assunto dos escritores com mais de dois nomes. Teriam sucesso ou reconhecimento? A brincadeira e a resposta a um amigo estavam num texto de Maria Valéria. Carlos Drummond de Andrade e João Guimarães Rosa eram apenas alguns exemplos de que, sim, escritores com mais de dois nomes poderiam se tornar reconhecidos.

A lista incluía Rosa Amanda Strausz. Desconhecia a autora, mas o título do livro mencionado me era familiar: Teresa, a santa apaixonada.
Não que tivesse lido, mas tinha em casa um exemplar da minha irmã (Rosa também), que sempre se interessou por Teresa de Ávila, ou Teresa de Jesus. Nunca havia me despertado interesse especial, a não ser pela curiosidade de conhecer a vida de uma santa. Mas a Cíntia e a Maria Valéria falavam não apenas da santa, mas do livro da Rosa contar a história da Teresa escritora.

Foi neste momento que o Senhor lhe disse:
"Não te aflijas, eu te darei um livro vivo."

O livro vivo é uma das mais belas imagens do misticismo cristão. É o livro da experiência interior. Como se fosse uma obra encantada, se expressa de maneira diferente para cada leitor/autor, mas suas páginas contam apenas uma história: a da porta de comunicação que liga cada alma a Deus.

Seu tomo invisível se constrói a cada dia. Muda, se aperfeiçoa. Receber o livro vivo das mãos de Sua Majestade significa transformar a própria vida em obra. Nessa biblioteca incorpórea e infinita, homens, mulheres, intelectuais, conversos, cristãos-velhos, nobres e pobres estão unidos em um só texto: o das criaturas que transformam o amor divino em palavras.


Buscando a escritora, encontrei a alumbrada, que vivia sob o signo da paixão a busca pelo amor divino. A monja carmelita que ousou travar uma amizade com Deus, numa época em que a figura predominante era a do Pai que julga e pune. A santa que, por meio do silêncio, da entrega e do desapego, conseguiu realizar seu desejo de união.

Nenhum comentário: