Finalmente comecei a ler Grande Sertão: Veredas, do Guimarães Rosa! Já no início dá pra sentir porque esse é o livro favorito de tanta gente e porque é considerado um dos principais romances da literatura brasileira e mundial.
Também dá pra entender esses versos da Adélia Prado:
Porque tudo que invento já foi dito
nos dois livros que eu li:
as escrituras de Deus,
as escrituras de João.
Tudo é Bíblias. Tudo é Grande Sertão.
Algumas passagens do livro (pelo jeito, os próximos posts serão só citações...):
"Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães..."
"De primeiro, eu fazia e mexia, e pensar não pensava. Não possuía os prazos. Vivi puxando difícil de difícel, peixe vivo no moquém: quem mói no asp'ro, não fantaseia. Mas, agora, feita a folga que me vem, e sem pequenos dessossegos, estou de range rede. E me inventei nesse gosto de especular idéia."
"Viver é muito perigoso... Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo, se querendo o mal, por principiar."
"Amor vem de amor."
"O senhor sabe? Já tenteou sofrido o ar que é saudade? Diz-se que tem saudade de idéia e saudade de coração..."
"Mas sucedia uma duvidação, ranço de desgosto: eu versava aquilo em redondos e quadrados. Só que meu coração podia mais. O corpo não traslada, mas muito sabe, adivinha se não entende. Perto de muita água, tudo é feliz."
"Ah, eu estou vivido, repassado. Eu me lembro das coisas, antes delas acontecerem..."
"Assaz o senhor sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais embaixo, bem diverso do em que primeiro se pensou. Viver nem não é muito perigoso?"
"Mas ciúme é mais custoso de se sopitar do que o amor. Coração da gente - o escuro, escuros."
"Moço: saudade é uma espécie de velhice."
"Coração - isto é, esses pormenores todos. Foi um esclaro. O amor, já de si, é algum arrependimento."
"A lembrança dela me fantasiou, fraseou - só face dum momento - feito grandeza cantável, feito entre madrugar e manhecer."
Também dá pra entender esses versos da Adélia Prado:
Porque tudo que invento já foi dito
nos dois livros que eu li:
as escrituras de Deus,
as escrituras de João.
Tudo é Bíblias. Tudo é Grande Sertão.
Algumas passagens do livro (pelo jeito, os próximos posts serão só citações...):
"Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães..."
"De primeiro, eu fazia e mexia, e pensar não pensava. Não possuía os prazos. Vivi puxando difícil de difícel, peixe vivo no moquém: quem mói no asp'ro, não fantaseia. Mas, agora, feita a folga que me vem, e sem pequenos dessossegos, estou de range rede. E me inventei nesse gosto de especular idéia."
"Viver é muito perigoso... Querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo, se querendo o mal, por principiar."
"Amor vem de amor."
"O senhor sabe? Já tenteou sofrido o ar que é saudade? Diz-se que tem saudade de idéia e saudade de coração..."
"Mas sucedia uma duvidação, ranço de desgosto: eu versava aquilo em redondos e quadrados. Só que meu coração podia mais. O corpo não traslada, mas muito sabe, adivinha se não entende. Perto de muita água, tudo é feliz."
"Ah, eu estou vivido, repassado. Eu me lembro das coisas, antes delas acontecerem..."
"Assaz o senhor sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais embaixo, bem diverso do em que primeiro se pensou. Viver nem não é muito perigoso?"
"Mas ciúme é mais custoso de se sopitar do que o amor. Coração da gente - o escuro, escuros."
"Moço: saudade é uma espécie de velhice."
"Coração - isto é, esses pormenores todos. Foi um esclaro. O amor, já de si, é algum arrependimento."
"A lembrança dela me fantasiou, fraseou - só face dum momento - feito grandeza cantável, feito entre madrugar e manhecer."
*
Ô delícia! Depois tem mais!
Um comentário:
e só pra te deixar com mais vontade de desvendar o livro.
o melhor do livro é o final, quando riobaldo vê que diadorim não é bem o que ele pensa.
boa leitura.
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