quarta-feira, 27 de junho de 2012

Noites do Sertão

(Guimarães Rosa)

"A cada palavra dela, seu coração se saía." 

"A felicidade é o cheio de um copo de se beber meio-por-meio..."

"Tudo o que muda a vida vem quieto no escuro, sem preparo de avisar."

"Era bom, gostar dela assim, com aquela velhice de alma, com o coração preguiçoso."

"E ainda mais forte sutil do que o pedido do corpo, era aquela saudade sem peso, precisão de achar o poder de um direito bonito no avesso das coisas mais feias." 

"Soropita bebeu um gole de tranquilidade."

"Mas, Surupita, amor é coragem. E amor é sede depois de se ter bem bebido..."

"Querer-bem não tem beiradas..."

(Dão-Lalalão)

"Perto dela, a gente vai sentindo a precisão de viver apenas o momento."

"Nem sei se gosto de Maria da Glória, se um encantamento assim, mesmo crescente, quer dizer amor. Sei que desejaria parar, demorado, perto dela. Da alegria."

"O amor é que é o destino verdadeiro."

"Daí, é dia. O sol sustenta um grande sossego."

"No silêncio nunca há silêncio."

"Envelhecer devia de ser bom - a gente ganhando maior acordo consigo mesmo."

"Quando encontrei Maria da Glória, aqui, foi como se terminasse, de repente, uma grande saudade, que eu não sabia que sentia."

"Cerrou as pálpebras - a noite era uma água. De estar só, completamente, tirou uma esquisita segurança. Segurou-se ao instante. E foi como o abrir-se de outros olhos, agudo uma pontada."

"Estar por estar. Lalinha se cerrava, espessava os olhos; em volta, chumbo de tudo, o mundo se lavava, veloz, mas ali no senseio da rede era um ninho."

"O sol não é os raios dele - é o fogo da bola. A gente é o coração caladinho..."

"Um sonho era o espírito, o desenho de uma coisa possível, querendo vir a ser verdade."

"O amor exigia mulheres e homens ávidos tãomente da essência do presente, donos de uma perfeição espessa, o espírito que compreendesse o corpo."

"O verdadeiro amor é um calafrio doce, um susto sem perigos..."

"A noite é o que não coube no dia, até."

"Numa criatura humana, quase sempre há tão pouca coisa. Tanto se desperdiçam, incompletos, bulhentos, na vãidade de viver."

"Não, o que agora perdia era nada, fora apenas o molde incerto de uma coisa que podia ter sido."

"Amava-os. E entendia: um despertar - despertava? E a vida inteira parecia ser assim, apenas assim, não mais que assim: um seguido despertar, de concêntricos sonhos - de um sonho, de dentro de outro sonho, de dentro de outro sonho... Até a um fim?"

"Morrer talvez seja voltar para a poesia..."

"Deus nos dá pessoas e coisas, para aprendermos a alegria... Depois, retoma coisas e pessoas, para ver se já somos capazes da alegria sozinha... Essa - a alegria que Ele quer..."

(Buriti)

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