quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A graça do futebol

"No futebol, as sobras, a 'valorização' da posse de bola, o tempo produtivo e o tempo improdutivo, a catimba, o desperdício e a poupança, os 'olés', a impossibilidade de contabilização numérica ou gradual exaustiva, tudo faz parte do jogo. Em certos momentos, quando, por exemplo, uma bola cruza toda a extensão do gol desguarnecido depois de um toque precioso e preciso, ou quando um súbito 'chapéu' coroa inesperadamente um jogador que esboça uma reação já inútil no momento breve, o tempo se distende, como se durasse eternamente por um instante. O placar descreve e não descreve a partida, é 'justo' e 'injusto'. Ao contrário das artes em geral, a competência pode ser contabilizada porque se traduz em gols. Mas ao contrário dos outros esportes, a contabilização ná dá conta do acontecimento."

(Veneno Remédio - O futebol e o Brasil, José Miguel Wisnik)

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