quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Fragmento de uma manhã

Na lucidez do mais puro abandono, o pensamento se dissolvia e então eu era.
Coisas antigas tocavam levemente a face da memória, como um carinho inesperado, e por isso mesmo, mais terno. Imagens do passado dançavam difusas. Desfaziam-se em luz e isso já era uma espécie de libertação. Os olhos da mente acompanhavam à distância, sem se fixar em nada. Nenhum desejo, nenhum arrependimento. Só a presença.
De repente, eu era uma casa vazia no meio do nada em uma manhã iluminada e a sala de minha alma era um grande silêncio. Imersas nessa plenitude reencontrada, as janelas abertas recebiam com gratidão cada raio de sol e o cheiro fresco da terra.
Eu simplesmente era.

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