Um amigo assustado me disse que eu não era mais a mesma, não era mais a romântica que acreditava no amor e chorava vendo O Fabuloso Destino de Amélie Poulain.
Acho que ele não entendeu...
Não abandonei o romantismo, apenas as ilusões.
Na "acidez" do meu texto, esqueci de dizer que não foi tudo invenção. Também tive um grande amor. Um amor que me fez sentir a verdade dos poemas de Neruda e estabeleceu um padrão bem elevado para futuros amores.
Ainda sou uma romântica incurável. Ainda espero encontrar a tampa da minha panela, só não vou forçar tampas que não encaixam.
Ainda sonho com poemas como esse - mas que seja de verdade:
Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o estreitado aroma que subiu da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem de onde,
te amo diretamente, sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
a não ser deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha,
tão perto que se fecham teus olhos com meu sono.
(Pablo Neruda, de Cien sonetos de amor)
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