O primeiro volume de O Pasquim - Antologia (ao todo, foram publicado três volumes, organizados por Sérgio Augusto e Jaguar) traz o que de melhor foi produzido durante os dois primeiros anos do jornal (e é tanta coisa boa que fica difícil escolher o que citar para dar ideia da insanidade criativa da famosa patota). Na introdução, Sérgio Augusto explica o que foi O Pasquim:
"Foi o maior fenômeno editorial da imprensa brasileira. E não adianta discutir. O Cruzeiro? Tinha atrás de si uma poderosa empresa jornalística, os Diários Associados de Assis Chateubriand. Veja? Ora, veja. Com a editora Abril bancando a aventura, modéstia à parte, até eu. Atrás de O Pasquim, só havia um punhado de porras-loucas.
Assumidamente nanico, moleque, paroquial e abusado, nasceu sob a suspeita de que duraria pouco tempo; menos até que os oito números da Pif-Paf, criada em 1964 por Millôr Fernandes e inviabilizada pela censura dos milicos que naquele ano haviam assumido o poder. Mas durou, afinal, 1072 números - o equivalente a 22 anos de vida.
As suspeitas iniciais tinham razão de ser. Onde já se viu um jornal sem patrão, onde todos os colaboradores podiam escrever o que bem entendessem e como bem entendessem? Pois a velha utopia de dez em cada dez jornalistas revelou-se, mais do que factível, um sucesso - fulminante e retumbante. A tal ponto que o cético Millôr, que no primeiro número previra menos de três meses de vida para o solerte hebdomadário, admitiu, já no quarto número, que se equivocara.
(...) Foi, sem dúvida, um risco; quase uma bravata. Entre setembro de 1968, quando a ideia do jornal não era mais que um brilho nos olhos de Jaguar e Tarso de Castro, e 26 de junho de 1969, quando o primeiro número chegou às bancas, os generais haviam 'legalizado' a ditadura com o AI-5 e a censura apertara as cravelhas nas redações menos dóceis ao novo regime. O Pasquim não pagou barato pela audácia de já nascer 'do contra' (sobretudo contra as babaquices da classe média) e 'livre como um táxi', 'equilibrado como um pingente', 'incômodo como um folião num velório'. E ainda que nos primeiros tempos fosse mais folgazão, gozador, festivo (a expressão 'esquerda festiva' foi inventada por um dos seus colaboradores, Carlos Leonam) e atento a questões de comportamento, aos poucos deixou-se contaminar pelo inevitável: a indignação política. Sem, contudo, abrir mão do velho preceito de Horácio (reciclado poe Jean de Santeuil): o riso é a melhor arma contra todas as imposturas."
Segue um documentário realizado pela TV Câmara sobre a história do jornal:
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