(Belíssima canção do cantor e compositor cubano Pablo Milanés)
Los años mozos pasaron,
Y ahora saber que hay que ser
Y hay que estar.
Duro el camino que queda,
Y ahora saber caminar.
Y hay que andar.
Fueron los falsos valores
A mí solo llega
Quien sabe de hombre calzar,
Y hasta los tristes amores
Que tantos dolores
Me hicieron un tiempo pasar.
Y ahora tengo mis poros abiertos
Para lo que hay que hacer
Y esta hecho, o esperar mi muerte
Abriéndome el puente
Y diciéndome puedes pasar.
Los años mozos pasaron,
Y ahora saber que hay que ser
Y hay que estar.
Duro el camino que queda,
Y ahora saber caminar.
Y hay que andar.
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
sábado, 15 de setembro de 2007
Outras Armas
Porque a vida ainda pode ter um pouco de graça... e rir ainda pode ser um remédio
Ontem, citei o Millôr e já há algum tempo estava pensando em falar sobre o humor como arma. Arma de formação de consciência crítica, arma de transformação, ou simplesmente uma forma de levar melhor a vida.
Em seu maravilhoso Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, Comte-Sponville apresenta o humor como uma delas, lembrando que "toda seriedade é condenável, referindo-se a nós mesmos":
"É impolido dar-se ares de importância. É ridículo levar-se a sério. Não ter humor é não ter humildade, é não ter lucidez, é não ter leveza, é ser demasiado cheio de si, é estar demasiado enganado de si, é ser demasiado severo ou demasiado agressivo, é quase sempre carecer, com isso, de generosidade, de doçura, de misericórdia... O excesso de seriedade, mesmo na virtude, tem algo de suspeito e de inquietante: deve haver algum fanatismo nisso... É virtude que se acredita e que, por isso, carece de virtude.
(...) Um pouco de humor, um pouco de amor: um pouco de alegria. Mesmo sem razão, mesmo contra a razão. Entre desespero e futilidade, às vezes a virtude fica menos num meio-termo do que na capacidade de abraçar, num mesmo olhar ou num mesmo sorriso, esses dois extremos entre os quais vivemos, entre os quais evoluímos, e que se encontram no humor."
Mas será que dá pra rir de tudo e em qualquer situação? Essa é a lição dos criadores do Pasquim.
Em 1969, em plena ditadura militar brasileira, e um ano após a imposição do AI-5, um bando de jornalistas, cartunistas e humoristas malucos resolveu criar um jornal alternativo, dispostos a ir contra o regime, sem bala e sem canhão, mas com uma arma talvez tão poderosa quanto: o humor. Tirando sarro de tudo, inclusive deles mesmos, os caras do Pasquim revolucionaram o jornalismo brasileiro e mostraram que ainda dava pra lutar, e que os ditadores poderiam até acabar com tudo (ou seja, com tudo o que a liberdade constitucional garante a um cidadão), mas que iam ter trabalho, ah, isso iam!
"Verdade do humor. A situação é desesperadora, mas não é grave." (Comte-Sponville)
Tem um documentário fantástico que conta a história do período: Humor com gosto de Pasquim. Nele, toda a patota (lendo Millôr, muitas expressões são incorporadas, bicho!) aparece lembrando os bons e "bons" momentos. Bons porque tudo o que eles faziam era uma barbaridade: inovações e tiros pra tudo quanto é lado. E "bons" porque, mesmo falando de censura, violência e estadias na prisão, eles não conseguem perder o bom humor e não dá pra conter as gargalhadas. Millôr, Claudius, Jaguar, Chico Caruso, Ziraldo... a graça não era vã e eles tinham consciência da luta:
"O riso, o humor são uma grande brecha contra o poder, porque o humor se faz contra o que está estabelecido, contra a autoridade estabelecida, seja ela eclesiástica, parlamentar, presidencial, o que for (...) é desvelar o que está por trás, mostrar o ridículo da posição, fazer ver os mecanismos que se escondem por trás das decisões... esta é a função do humor", diz o Claudius.
Ao final das batalhas ganhas e perdidas, sobra alguma desilusão - e é o Jaguar, lúcido, quem confessa estar cada vez mais convencido de que eles, humoristas, afinal, não apitavam nada:
"Em todo caso a gente se diverte, pelo menos pensa que influencia alguma coisa, mas eu acho que a história como que segue inexoravelmente... nós ladramos e eles passam..."
Será que esses humoristas não apitaram nada mesmo? Acredito que a marca que eles deixaram na história brasileira é bem maior que simples latido de cão desesperado. A revolução das idéias é talvez tão importante quanto a transformação das estruturas. E revolução foi o que eles fizeram. Quando o ser humano perde seus direitos constitucionais mais fundamentais - a liberdade de expressão, a liberdade de ir-e-vir (sabe lá o que é ser preso - quando não morto - só por que pensa mais assim ou mais assado? Ou simplesmente porque sim? Usar camisa vermelha também não era muito aconselhável... ) - aí é que ele aprende, de fato, com quantos paus se faz uma canoa. A tal "liberdade" (abstração das infinitas possibilidades de escolha) torna-se piada de mau gosto. Seria engraçado se o Sartre tivesse vivido no Brasil durante o regime militar... Essa idéia me fez pensar em uma charge... O desenho é do meu irmão Randal:
Ontem, citei o Millôr e já há algum tempo estava pensando em falar sobre o humor como arma. Arma de formação de consciência crítica, arma de transformação, ou simplesmente uma forma de levar melhor a vida.
Em seu maravilhoso Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, Comte-Sponville apresenta o humor como uma delas, lembrando que "toda seriedade é condenável, referindo-se a nós mesmos":
"É impolido dar-se ares de importância. É ridículo levar-se a sério. Não ter humor é não ter humildade, é não ter lucidez, é não ter leveza, é ser demasiado cheio de si, é estar demasiado enganado de si, é ser demasiado severo ou demasiado agressivo, é quase sempre carecer, com isso, de generosidade, de doçura, de misericórdia... O excesso de seriedade, mesmo na virtude, tem algo de suspeito e de inquietante: deve haver algum fanatismo nisso... É virtude que se acredita e que, por isso, carece de virtude.
(...) Um pouco de humor, um pouco de amor: um pouco de alegria. Mesmo sem razão, mesmo contra a razão. Entre desespero e futilidade, às vezes a virtude fica menos num meio-termo do que na capacidade de abraçar, num mesmo olhar ou num mesmo sorriso, esses dois extremos entre os quais vivemos, entre os quais evoluímos, e que se encontram no humor."
Mas será que dá pra rir de tudo e em qualquer situação? Essa é a lição dos criadores do Pasquim.
Em 1969, em plena ditadura militar brasileira, e um ano após a imposição do AI-5, um bando de jornalistas, cartunistas e humoristas malucos resolveu criar um jornal alternativo, dispostos a ir contra o regime, sem bala e sem canhão, mas com uma arma talvez tão poderosa quanto: o humor. Tirando sarro de tudo, inclusive deles mesmos, os caras do Pasquim revolucionaram o jornalismo brasileiro e mostraram que ainda dava pra lutar, e que os ditadores poderiam até acabar com tudo (ou seja, com tudo o que a liberdade constitucional garante a um cidadão), mas que iam ter trabalho, ah, isso iam!
"Verdade do humor. A situação é desesperadora, mas não é grave." (Comte-Sponville)
Tem um documentário fantástico que conta a história do período: Humor com gosto de Pasquim. Nele, toda a patota (lendo Millôr, muitas expressões são incorporadas, bicho!) aparece lembrando os bons e "bons" momentos. Bons porque tudo o que eles faziam era uma barbaridade: inovações e tiros pra tudo quanto é lado. E "bons" porque, mesmo falando de censura, violência e estadias na prisão, eles não conseguem perder o bom humor e não dá pra conter as gargalhadas. Millôr, Claudius, Jaguar, Chico Caruso, Ziraldo... a graça não era vã e eles tinham consciência da luta:
"O riso, o humor são uma grande brecha contra o poder, porque o humor se faz contra o que está estabelecido, contra a autoridade estabelecida, seja ela eclesiástica, parlamentar, presidencial, o que for (...) é desvelar o que está por trás, mostrar o ridículo da posição, fazer ver os mecanismos que se escondem por trás das decisões... esta é a função do humor", diz o Claudius.
Ao final das batalhas ganhas e perdidas, sobra alguma desilusão - e é o Jaguar, lúcido, quem confessa estar cada vez mais convencido de que eles, humoristas, afinal, não apitavam nada:
"Em todo caso a gente se diverte, pelo menos pensa que influencia alguma coisa, mas eu acho que a história como que segue inexoravelmente... nós ladramos e eles passam..."
Será que esses humoristas não apitaram nada mesmo? Acredito que a marca que eles deixaram na história brasileira é bem maior que simples latido de cão desesperado. A revolução das idéias é talvez tão importante quanto a transformação das estruturas. E revolução foi o que eles fizeram. Quando o ser humano perde seus direitos constitucionais mais fundamentais - a liberdade de expressão, a liberdade de ir-e-vir (sabe lá o que é ser preso - quando não morto - só por que pensa mais assim ou mais assado? Ou simplesmente porque sim? Usar camisa vermelha também não era muito aconselhável... ) - aí é que ele aprende, de fato, com quantos paus se faz uma canoa. A tal "liberdade" (abstração das infinitas possibilidades de escolha) torna-se piada de mau gosto. Seria engraçado se o Sartre tivesse vivido no Brasil durante o regime militar... Essa idéia me fez pensar em uma charge... O desenho é do meu irmão Randal:
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
Liberdade segundo Millôr
Millôr Fernandes, no antigo Pasquim (e em que época!), também discutia essa tal liberdade:
"A liberdade é a condição (e por que não a condução?) fundamental do homem livre. Sacou? Aquele negócio de ir-e-vir. Peripatético às pampas. Largueza, ensancha e a ânsia de imensos descampados. Tamos aí. Como dizia Herbert Stengley - escritor que estou inventando neste momento - que maravilhoso arcaísmo é a liberdade. (...) Pois todo homem nasce livre, não é mesmo? Naturalmente dependente do pai, da mãe, da classe social e dos acasos genéticos. Mas decora logo a tabela dos direitos e deveres, faz as contas, e, se leva vantagem, cai de pau em cima dos outros. E assim que é, pô, não vem com essa não.
Ser livre, enfim, é bom notar, não é ser libertado. 'Eu te dou toda liberdade', tá na cara, é restrição máxima. Evita, nego. E dobra à esquerda. (...) Será a liberdade apenas uma nostalgia? Uma colagem mal feita de fatos nunca acontecidos? A política da esperança, já, assim, meio desesperada? Uma simples omissão dos poderes vigentes? O Fla x Flu do Possível contra a Aventura? O condicionamento total é a liberdade?"
"A liberdade é a condição (e por que não a condução?) fundamental do homem livre. Sacou? Aquele negócio de ir-e-vir. Peripatético às pampas. Largueza, ensancha e a ânsia de imensos descampados. Tamos aí. Como dizia Herbert Stengley - escritor que estou inventando neste momento - que maravilhoso arcaísmo é a liberdade. (...) Pois todo homem nasce livre, não é mesmo? Naturalmente dependente do pai, da mãe, da classe social e dos acasos genéticos. Mas decora logo a tabela dos direitos e deveres, faz as contas, e, se leva vantagem, cai de pau em cima dos outros. E assim que é, pô, não vem com essa não.
Ser livre, enfim, é bom notar, não é ser libertado. 'Eu te dou toda liberdade', tá na cara, é restrição máxima. Evita, nego. E dobra à esquerda. (...) Será a liberdade apenas uma nostalgia? Uma colagem mal feita de fatos nunca acontecidos? A política da esperança, já, assim, meio desesperada? Uma simples omissão dos poderes vigentes? O Fla x Flu do Possível contra a Aventura? O condicionamento total é a liberdade?"
O existencialismo é um humanismo
Na aula de ontem, a gente discutia a noção de bem em Sartre, se é que ele defende alguma idéia de bem... O bem é a própria escolha entre o bem e o mal (e entre todas as nuances de cinza que vão do preto ao branco), com a consciência da responsabilidade que essa escolha acarreta, para o bem ou para o mal. Nenhuma moral ou juízo de valor pré-estabelecido podem ajudar a realizar a escolha em situações concretas, e, assim, além da necessidade de escolher, a gente ainda tem que criar a própria moral que auxilie na escolha. O homem é invenção constante, é criação do nada. A moral sartreana, que nada tem de moralista, é uma moral da ação, do compromisso com as próprias escolhas, fazendo valer a liberdade que nos condena.
"O existencialista pensa que é muito incomodativo que Deus não exista, porque desaparece com ele toda a possibilidade de achar valores num céu inteligível; não pode existir já o bem a priori, visto não haver já uma consciência infinita e perfeita para pensá-lo; não está escrito em parte alguma que o bem existe, que é preciso ser honesto, que não devemos mentir, já que precisamente estamos num plano em que há somente homens."
Talvez a gente possa dizer que o bem supremo (de novo, se é que, alguma vez, ele pensou em bem supremo) é a própria liberdade - essa mistura de condição universal e condenação humana.
"Quando declaro que a liberdade, através de cada circunstância concreta, não pode ter outro fim senão querer-se a si própria, se alguma vez o homem reconheceu que estabelece valores no seu abandono, ele já não pode querer senão uma coisa - a liberdade como fundamento de todos os valores."
A busca constante é pela liberdade em si:
"Queremos a liberdade pela liberdade e através de cada circunstância particular. E, ao querermos a liberdade, descobrimos que ela depende inteiramente da liberdade dos outros, e que a liberdade dos outros depende da nossa. Sem dúvida, a liberdade como definição do homem não depende de outrem, mas, uma vez que existe a ligação de um compromisso, sou obrigado a querer ao mesmo tempo a minha liberdade e a liberdade dos outros ; só posso tomar a minha liberdade como um fim se tomo igualmente a dos outros como um fim."
Queremos, sim, a liberdade. Será? Paradoxo dos paradoxos, a liberdade de escolha possibilita a própria liberdade de escolher entre ser livre ou não... Porque, apesar da condenação sartreana, ou justamente por causa dela - é a tal da má-fé - a alienação consciente e deliberada está aí! Lembrei do trecho de uma música do Dazaranha (uma banda de Florianópolis):
"O peixe, ele quer a rede ou ele quer o arpão? Ele quer água ou ele quer limão?"
"O existencialista pensa que é muito incomodativo que Deus não exista, porque desaparece com ele toda a possibilidade de achar valores num céu inteligível; não pode existir já o bem a priori, visto não haver já uma consciência infinita e perfeita para pensá-lo; não está escrito em parte alguma que o bem existe, que é preciso ser honesto, que não devemos mentir, já que precisamente estamos num plano em que há somente homens."
Talvez a gente possa dizer que o bem supremo (de novo, se é que, alguma vez, ele pensou em bem supremo) é a própria liberdade - essa mistura de condição universal e condenação humana.
"Quando declaro que a liberdade, através de cada circunstância concreta, não pode ter outro fim senão querer-se a si própria, se alguma vez o homem reconheceu que estabelece valores no seu abandono, ele já não pode querer senão uma coisa - a liberdade como fundamento de todos os valores."
A busca constante é pela liberdade em si:
"Queremos a liberdade pela liberdade e através de cada circunstância particular. E, ao querermos a liberdade, descobrimos que ela depende inteiramente da liberdade dos outros, e que a liberdade dos outros depende da nossa. Sem dúvida, a liberdade como definição do homem não depende de outrem, mas, uma vez que existe a ligação de um compromisso, sou obrigado a querer ao mesmo tempo a minha liberdade e a liberdade dos outros ; só posso tomar a minha liberdade como um fim se tomo igualmente a dos outros como um fim."
Queremos, sim, a liberdade. Será? Paradoxo dos paradoxos, a liberdade de escolha possibilita a própria liberdade de escolher entre ser livre ou não... Porque, apesar da condenação sartreana, ou justamente por causa dela - é a tal da má-fé - a alienação consciente e deliberada está aí! Lembrei do trecho de uma música do Dazaranha (uma banda de Florianópolis):
"O peixe, ele quer a rede ou ele quer o arpão? Ele quer água ou ele quer limão?"
sexta-feira, 7 de setembro de 2007
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
Filosofia de banheiro
"O banheiro é um lugar dedicado ao corpo, em sua mais natural condição. Através da produção de grafitos, serve à comunicação humana como um canal de expressão escrita disponível a todos, um meio ao monopólio dos superveículos massificadores. Sem limite de censura externa e acessível a todos, torna-se um palco discreto de confidências." (Grafiteiros de Banheiro, G. Barbosa)
Tudo bem... nos banheiros da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP) tem muitas coisas pesadas e escatológicas (mas mesmo assim, algumas muito engraçacadas e criativas por sinal...). Mas também tem coisas interessantes e até filosóficas, do tipo:
"Deus está morto - Nietzsche"
Resposta:"Nietzsche está morto - Deus" (banheiro da geografia)
Tese: A burguesia fede.
Antítese: Mas tem dinheiro para comprar perfume.
Lingüísticas também:
"o futuro do pretérito a deus pertenceria" (banheiro da letras)
"A porta de um dos banheiros femininos da sociais traz um debate sobre palavras 'pré cambrianas' - signifique isso o que for... alguma moça pediu, num recado, que parassem de escrever 'chulices', e outra replicou dizendo que a palavra estava na era pré-cambriana... Por fim, alguém escreveu que não existem palavras em tal era, apenas animais que desenham na porta do banheiro..."
E pra ridicularizar a própria verborragia filosofante:
"O homem é o único animal capaz de se desumanizar."
E logo abaixo: "O elefante é o único animal capaz de se deselefantizar!"
Uma vez quando limparam o banheiro teve um cara que escreveu: "inicia-se agora uma nova era de pensamentos e reflexões"
E viva o vandalismo cultural!
E pra não perder o pique, vamos de Poética com Manuel Bandeira (será que ele escreveria - escreveu? - em portas de banheiro?)
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Pra quem quiser se divertir ou se instruir um pouco (tudo é uma questão de perspectiva...), aqui está um tópico da comunidade da FFLCH no orkut dedicado ao tema:
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=25982&tid=432064&na=1&nst=1
E mais: uma tese analisando o discurso dos banheiros:
http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/a00009.htm
Tudo bem... nos banheiros da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP) tem muitas coisas pesadas e escatológicas (mas mesmo assim, algumas muito engraçacadas e criativas por sinal...). Mas também tem coisas interessantes e até filosóficas, do tipo:
"Deus está morto - Nietzsche"
Resposta:"Nietzsche está morto - Deus" (banheiro da geografia)
Tese: A burguesia fede.
Antítese: Mas tem dinheiro para comprar perfume.
Lingüísticas também:
"o futuro do pretérito a deus pertenceria" (banheiro da letras)
"A porta de um dos banheiros femininos da sociais traz um debate sobre palavras 'pré cambrianas' - signifique isso o que for... alguma moça pediu, num recado, que parassem de escrever 'chulices', e outra replicou dizendo que a palavra estava na era pré-cambriana... Por fim, alguém escreveu que não existem palavras em tal era, apenas animais que desenham na porta do banheiro..."
E pra ridicularizar a própria verborragia filosofante:
"O homem é o único animal capaz de se desumanizar."
E logo abaixo: "O elefante é o único animal capaz de se deselefantizar!"
Uma vez quando limparam o banheiro teve um cara que escreveu: "inicia-se agora uma nova era de pensamentos e reflexões"
E viva o vandalismo cultural!
E pra não perder o pique, vamos de Poética com Manuel Bandeira (será que ele escreveria - escreveu? - em portas de banheiro?)
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Pra quem quiser se divertir ou se instruir um pouco (tudo é uma questão de perspectiva...), aqui está um tópico da comunidade da FFLCH no orkut dedicado ao tema:
http://www.orkut.com/CommMsgs.aspx?cmm=25982&tid=432064&na=1&nst=1
E mais: uma tese analisando o discurso dos banheiros:
http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/a00009.htm
sábado, 1 de setembro de 2007
Armas (ou Para continuar acreditando...)
Viola enluarada
(Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle)
A mão que toca um violão
Se for preciso faz a guerra,
Mata o mundo, fere a terra.
A voz que canta uma canção
Se for preciso canta um hino,
Louva a morte.
Viola em noite enluarada
No sertão é como espada,
Esperança de vingança.
O mesmo pé que dança um samba
Se preciso vai à luta,
Capoeira.
Quem tem de noite a companheira
Sabe que a paz é passageira,
Prá defendê-la se levanta
E grita: Eu vou!
Mão, violão, canção e espada
E viola enluarada
Pelo campo e cidade,
Porta bandeira, capoeira,
Desfilando vão cantando
Liberdade, liberdade, liberdade...
(Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle)
A mão que toca um violão
Se for preciso faz a guerra,
Mata o mundo, fere a terra.
A voz que canta uma canção
Se for preciso canta um hino,
Louva a morte.
Viola em noite enluarada
No sertão é como espada,
Esperança de vingança.
O mesmo pé que dança um samba
Se preciso vai à luta,
Capoeira.
Quem tem de noite a companheira
Sabe que a paz é passageira,
Prá defendê-la se levanta
E grita: Eu vou!
Mão, violão, canção e espada
E viola enluarada
Pelo campo e cidade,
Porta bandeira, capoeira,
Desfilando vão cantando
Liberdade, liberdade, liberdade...
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